Diversos estudos, pesquisas e análises foram feitas sobre aumento do consumo de álcool e outras drogas, durante e após a pandemia da COVID-19, o que é natural, devido a quantidade de pessoas que desenvolveram ou aumentaram o grau de dependência dessas substâncias. Entretanto, a pandemia provocou também, e de forma preocupante, o aumento de outras compulsões que refletem os desafios emocionais e psicológicos enfrentados pela sociedade moderna. O isolamento social, as incertezas econômicas e a ansiedade generalizada, desencadearam um aumento nas tendências compulsivas como mecanismos de enfrentamento.
Dentre as várias compulsões que se intensificaram, cinco delas se destacam, por ordem cronológica, seguindo a evolução da pandemia.
Logo no início, a compulsão por alimentos tornou-se mais proeminente. O estresse e o tédio levaram muitas pessoas a buscar conforto na comida, resultando em escolhas alimentares menos saudáveis e, em alguns casos, evoluindo para transtornos alimentares.
Num segundo momento, a compulsão por dispositivos eletrônicos e redes sociais também aumentou significativamente. Com a diminuição das interações presenciais, as pessoas se voltaram para as telas em busca de conexão e entretenimento, muitas vezes perdendo horas em aplicativos e plataformas online.
A terceira compulsão que ascendeu muito durante a pandemia, foi a compra compulsiva. A preocupação em torno da pandemia e a facilidade de fazer compras online desenvolveu-se para um ciclo vicioso de compras excessivas, preenchendo temporariamente o vazio emocional, mas deixando sentimento de culpa e de arrependimento.
A quarta, é a compulsão por limpeza e higiene. O medo do contágio levou muitas pessoas a praticarem rituais excessivos de limpeza, mesmo quando não eram necessários. Essa busca pela sensação de segurança tornou-se uma compulsão debilitante para alguns.
Por fim, a quinta compulsão que se acentuou foi o trabalho excessivo. Com o aumento do trabalho remoto, os limites entre a vida profissional e pessoal tornaram-se difusos, fazendo com que muitos se sentissem obrigados a trabalhar além do horário e a lutar contra a sensação constante de estar “conectado”.
Em suma, a pandemia de COVID-19 trouxe à tona um aumento preocupante nas compulsões, que são mecanismos de enfrentamento ineficazes para lidar com as complexidades emocionais e sociais desse período. A conscientização sobre esses padrões é crucial, assim como o acesso ao apoio psicológico e às intervenções terapêuticas, para ajudar as pessoas a desenvolverem estratégias de enfrentamento e superação saudáveis.